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Episiotomia: Tudo o que você precisa saber sobre esse procedimento

Você já ouviu falar sobre a episiotomia, ou “episio” como é popularmente chamada? Trata-se de um corte vaginal realizado a 45 graus ao final do parto, na entrada da vagina (fúrcula). No entanto, é importante entender o contexto histórico e as evidências científicas que cercam esse procedimento para tomar decisões informadas durante a gestação e a formulação do seu plano de parto.

Neste texto, abordaremos a origem da episiotomia, seu uso desnecessário e as alternativas seguras disponíveis atualmente.

Origens da Episiotomia

A episiotomia foi proposta por Sir Fielding Ould em 1742, em seu livro “Treatise of Midwifery”. Naquela época, a motivação para realizá-la era acelerar a saída do bebê no parto, já que naquele momento ainda não era possível escutar o coração do bebe durante o parto e não se sabia se ele estava vivo ou morto. Apenas acreditavam que o parto quanto mais rápido ocorresse, melhor. Além disso, havia o intuito de evitar lacerações perineais graves, que ocorrem quando há uma união entre o ânus e a vagina. 

A falta de conhecimento sobre a duração segura do bebê no canal de parto e a ausência de métodos para monitorar sua vitalidade levaram à crença de que acelerar o parto era uma medida de segurança.

Uso excessivo e falta de evidências científicas

Embora a episiotomia tenha sido criada há quase três séculos, foi nas décadas de 1940 e 1950 que houve um grande aumento em sua realização, tornando-se um protocolo padrão para primímaras (que estão em seu primeiro parto), especialmente na década de 1980. 

No entanto, é importante ressaltar que nunca houve respaldo científico sobre sua real necessidade, baseando-se apenas em empirismo, ou seja, em achismos sem fundamentação científica.

No século XX, com a popularização do parto hospitalar e a migração de mulheres para esse ambiente, especialmente no Brasil a partir de 1977, foram adotados outros procedimentos para acelerar o parto, sem embasamento científico adequado, como o rompimento artificial da bolsa em todos os partos, o uso rotineiro de ocitocina endovenosa, os puxos dirigidos e a manobra de Kristeller (empurrar a barriga para o bebê nascer).

“O que não se entendia era que mais lesões aconteciam justamente por causa dos procedimentos usados para acelerar o parto”

O entendimento atual sobre a Episiotomia – e alternativas seguras

Atualmente, sabemos que a abordagem obstétrica deve ser baseada em evidências científicas e em respeito à fisiologia do parto. Temos a capacidade de avaliar a vitalidade fetal durante o processo de nascimento, reduzindo a necessidade de acelerar o parto em grande parte dos casos

Quando a aceleração é necessária, é fundamental utilizar técnicas respaldadas por evidências científicas, como o uso adequado do vácuo extrator ou fórceps de alívio.

A laceração natural que pode ocorrer durante o parto em 30% das mulheres é, em geral, menor do que a lesão causada pela episiotomia. 

A importância do diálogo com o obstetra

Como mulher gestante, é essencial informar-se sobre os procedimentos obstétricos com antecedência e discutir abertamente suas preocupações e preferências com o obstetra e a parteira (enfermeira obstetra ou obstetriz). 

O diálogo aberto permite que você compreenda melhor as opções disponíveis e tome decisões informadas. Assim, poderá levar em consideração seus valores, desejos e a segurança tanto sua quanto do seu bebê. Além disso, é importante ressaltar que a episiotomia não deve ser considerada como uma prática de rotina em nenhum parto. 

Precisou da episiotomia pois recebeu atendimento de profissionais que infelizmente ainda usam essa prática? Entenda os cuidados:

Caso você tenha sido submetida a uma episiotomia, é fundamental que sejam adotados cuidados adequados no período pós-parto para promover uma recuperação saudável, além de buscar os seus direitos por ter sofrido Violência Obstétrica.

Algumas medidas podem contribuir para o processo de cicatrização e prevenção de infecções:

  • manter a região limpa e seca;
  • evitar o uso de produtos irritantes ou perfumados na região genital;
  • utilizar roupas íntimas confortáveis e de tecidos respiráveis;
  • aplicação de compressas frias ou quentes
  • observar qualquer alteração anormal, como odores incomuns
  • é possível o uso de analgésicos (a serem prescritos pelo médico).

Promovendo uma Abordagem Respeitosa e Humana

A conscientização sobre a episiotomia e a importância de uma abordagem respeitosa e baseada em evidências no cuidado obstétrico é fundamental para mulheres gestantes. É essencial questionar, buscar informações confiáveis e dialogar com os profissionais de saúde envolvidos no acompanhamento do parto.

Lembre-se de que você tem o direito de ser informada, de participar das decisões relacionadas ao seu corpo e ao bem-estar do seu bebê. Ao tomar decisões embasadas em evidências e respeitando suas necessidades individuais, você estará contribuindo para uma assistência ao parto mais segura, humanizada e centrada na mulher.

Acreditamos que você deve ser a protagonista da sua jornada de parto. Sendo assim, pode decidir por uma equipe transdiciplinar para apoiá-la nesse caminho. Se quiser, estaremos aqui para seguir ao seu lado. É só entrar em contato conosco!

Nota: Este artigo foi produzido apenas para fins informativos e não substitui o diagnóstico ou aconselhamento médico profissional. Recomendamos sempre consultar um especialista para obter orientação específica sobre o seu caso.

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